sexta-feira, 10 de junho de 2016

Quem foi o Nhô Tonico?

Olá pessoal, tudo bem?
A pedido de um leitor nosso, hoje falaremos sobre o Nhô Tonico, nome que usava em suas dedicatórias.


Antônio Carlos Gomes

Nascido em Campinas, foi compositor de ópera. Aprendeu clarineta, violino e piano.

Sua vida foi bastante marcada pela dor. Perdeu sua mãe quando era pequeno e passou muita necessidade por pertencer a uma família grande (25 irmãos).

Seu pai, que era músico, formou uma banda com seus filhos, e é a partir daí que Carlos Gomes inicia seus passos no universo artístico.

★ 11 de Julho de 1836
 † 16 de Setembro de 1896




Alguns anos depois, Carlos Gomes substitui seu pai na banda, fazendo suas primeiras apresentações em bailes e concertos. Nessa época, Carlos Gomes alternava o tempo entre o trabalho numa alfaiataria costurando calças e paletós, e o aperfeiçoamento dos seus estudos musicais. Aos quinze anos de idade compôs valsas, quadrilhas e polcas (dança oriunda da República Tcheca).

Aos dezoito anos, em 1854, compôs a primeira missa, Missa de São Sebastião, dedicada ao pai e repleta de misticismo. Na execução cantou alguns solos. A emoção que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos. Em 1857 compôs a modinha Suspiro d'Alma, com versos do poeta romântico português Almeida Garrett.

Ao completar 23 anos apresentou vários concertos com o pai. Ainda moço, lecionava piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Giuseppe Verdi. Era conhecido também em São Paulo, onde realizava frequentemente concertos e, onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Corte, em cujo conservatório poderia aperfeiçoar-se. Todavia, Carlos Gomes não podia viajar porque não tinha recursos.

Principais composições:

  • A noite do Castelo (1861)
  • Joana de Flandres (1863)
  • O Guarani (1870)
  • Fosca (1873)
  • O Escravo (1889)
  • Condor (1891)
  • Colombo (1892)


Sua primeira ópera foi no dia 4 de setembro de 1861, no Teatro da Ópera Nacional, A Noite do Castelo. O primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar, o Imperador também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Imperial Ordem da Rosa.

Carlos Gomes conquistou logo a Corte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo: - Será comigo?


Foi presenteado por Dom Pedro II com uma bolsa de estudos em Milão, na Itália, em 1863, onde se formou com o diploma de maestro três anos mais tarde. Ganha projeção internacional ao apresentar no Teatro Scala de Milão a ópera O Guarani (1870), baseada no romance de José de Alencar. É condecorado pelo nosso Imperador com a Ordem da Rosa, a comenda máxima do Império. No ano seguinte casa-se com a italiana Adelina Peri, com quem teve uma união conturbada, tiveram cinco filhos, três morreram prematuramente.

Com a morte de Mário, um dos filhos do casal, o compositor entrou em profunda depressão e mudou-se para Gênova. "Mário, subindo ao céu, aos cinco anos, me deixou na terra infeliz para toda a vida", escreveu o músico.

Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs o Hino a Camões, para o Quarto Centenário Camoniano, executado simultaneamente ali e na Corte, com grande sucesso.

De volta à Itália, compôs a grande ópera Lo Schiavo, que entretanto, por vários motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1887, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso. Interessante dizer que a abertura desta ópera, Alvorada, foi composta na Ilha de Paquetá, no Município do Rio de Janeiro, onde se encontra um busto de Carlos Gomes, pouco conhecido.



Em 3 de fevereiro de 1891, outra vez na Itália, Carlos Gomes estreia, no Scala de Milão, a ópera Condor, com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno.

O tumor maligno na língua e garganta que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo foi proclamada a República, e seu grande amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colombo em 1892, um poema sinfônico.

Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então governador do Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas, despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo André Rebouças, ali exilado.

No dia 11 de julho, data de seu aniversário, as homenagens tributadas ao compositor davam a medida da afetividade que inspirava. Em vários pontos da cidade ouviam-se os acordes da protofonia de O Guarani, e os jornais alimentavam a dor pública com o relatório constante do agravamento do estado geral do compositor. Estava montado o cenário onde aconteceria a representação final do pathos do artista genial, do brasileiro ilustre, do consagrado testa di leone (cabeça de leão, devido à farta cabeleira), como algumas publicações italianas o chamavam. Cercado por autoridades e amigos, com o governador Lauro Sodré à cabeceira, Carlos Gomes morreu às 22 horas e 20 minutos de 16 de setembro de 1896. Seu corpo foi embalsamado, fotografado e, em seguida, exposto à visitação pública, cercado de flores e objetos como partituras e instrumentos, bem de acordo com a idealizada "morte bela" do Romantismo.


Quer saber mais sobre História? 
Fique ligado que vem mais post por ai!
Gostou? Compartilhe nas redes sociais!
Tem algum assunto que queira saber? (opinião, culinária e/ou História)
Mande um email para digoquefrito@gmail.com
Até mais, pessoal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário